Ensaio crítico sobre globalização
Miscelânea / / December 31, 2021
Ensaio crítico sobre globalização
Prós e contras da globalização em um mundo pós-pandêmico
Em meados do século 20, no seio da civilização ocidental, foi formalizado um processo que vinha se construindo lentamente há vários séculos, desde os anos da Rota da Seda. Na era contemporânea recebeu o nome de globalização, e consiste na integração de economias premissas em um único e grande mercado mundial, no qual o capital circula com mais liberdade até do que as pessoas, e a sociedade de consumo atinge suas maiores e mais profundas dimensões.
Muitos criticaram e elogiaram essa tendência durante quase um século de existência. Alguns vêem nisso uma consolidação de projetos econômicos liberais, que conferem aos grandes consórcios empresariais transnacionais um papel de liderança no mundo; enquanto outros destacam sua tendência democratizante, permitindo o livre fluxo de informações e minimizando fronteiras nacionais e projetos políticos. Seja como for, a ideia de habitar uma “aldeia global” nunca esteve tão perto de se concretizar como na época em que, inesperadamente, estourou a pandemia Covid-19.
O lado (mais sombrio) da pandemia global
A pandemia, como se sabe, é também um elemento da nova dinâmica global: os movimentos rápidos de turistas e viajantes de um lado a outro do mundo permitem que os germes também encontrem nichos adequados para sua chegada. No entanto, as enormes desigualdades socioeconômicas mundiais tornam difícil a implementação de uma estratégia unificada.
O países industrializados e de alta renda, portanto, eles não apenas possuem o tecnologia e os recursos para encontrar uma solução para o problema de saúde, mas também podem enfrentar restrições, quarentenas e interrupções da cadeia de abastecimento de uma maneira melhor, sendo capaz de servir suas populações de trabalho e resistir melhor o golpe. Este não é o caso de seus parceiros de negócios. terceiro Mundo, onde às agruras da epidemia devem se somar as do colapso produtivo e socioeconômico.
Enquanto um segmento do mundo se recupera com uma posição melhor, o outro permanece afundado por mais tempo. E enquanto o mundo industrializado debate os efeitos psicológicos do confinamento, os habitantes do terceiro mundo anseiam por maiores margens de proteção que lhes permitam evitar o contágio iminente, ou protegê-los em caso de ficar doente. Enquanto o primeiro mundo debate se vai ou não vacinar e faz campanhas para fazer frente ao infodêmico produzido nas redes sociais, o terceiro mundo clama por maior acesso à vacina.
Além disso, enquanto o primeiro mundo desacelera sua máquina de vendas para esperar pela onda de contágios, o desemprego dispara no terceiro mundo e a luta contra a pobreza tem sido escandalosa recuo. Aparentemente, a interconexão e interdependência que a globalização produziu, considerada em tempos normais como um mecanismo ganha-ganha, não trouxe consigo a possibilidade de que, em tempos excepcionais, essa interdependência implique maiores cotas de apoio para os menos favorecido.
As consequências desse funcionamento global, por outro lado, transcendem as fronteiras do nacional. Basta observar a escassez de microchips que aflige as florescentes indústrias europeias, resultado do colapso saúde na Índia, para perceber que os problemas globais exigem, por mais óbvio que possa parecer, soluções global.
No entanto, o que aconteceu foi exatamente o contrário: as nações mais fortes refugiaram-se em o endurecimento de suas fronteiras e ignoraram a mão de obra barata de seus parceiros comerciais. Por exemplo, as nações industrializadas passaram a monopolizar a maioria das vacinas disponíveis, a tal ponto que no mundo desenvolvido um significativo percentagem (perto de 50%) do população Já recebeu o esquema completo de algumas vacinas, enquanto em outras nações esse número não chega nem a 10% da população total.
Muitos, diante desse cenário, prevêem a morte da globalização, ou seja, a volta aos esquemas nacionalistas de desenvolvimento industrial, de. a mão da ajuda financeira estatal, ou seja, procedimentos muito diferentes daqueles que vários organismos internacionais recomendam para Nações em desenvolvimento: a liberalização de seus mercados. E enquanto isso, em face das primeiras tentativas de desastre, países poderosos abandonam o navio e deixam milhões sem empregos.
Uma oportunidade de ouro
O pior é que, dadas as circunstâncias, a crise desencadeada pela pandemia e respectivas quarentenas representam uma oportunidade global inédito para estabelecer uma dinâmica produtiva mais eqüitativa, que ajude a resolver as brutais desigualdades que afligem o planeta, e não só isso: uma dinâmica de solidariedade que serve de precedente para uma cooperação futura necessária, face a desafios ainda maiores, como a mudança clima.
Uma globalização mais solidária poderia abrir caminho para uma humanidade mais integrada e diversa. valores fundamentos verdadeiramente universais. Se, com a mesma ânsia com que são promovidas as supostas virtudes do livre mercado, se estimulasse a responsabilidade socioeconômica e financeira, ou Caso ocorram os necessários debates éticos em relação à distribuição de medicamentos no mundo, muitos dos males da época poderiam começar a superar.
De que adianta vacinar a população das nações industrializadas mesmo com doses de reforço, enquanto o população de países desfavorecidos incuba em seus próprios corpos, ou nos de seus parentes falecidos, um novo variante de vírus que pode acabar com a proteção da vacina? Qual é o caráter moral de O negócio Ocidentais que hoje abandonam milhares de trabalhadores cuja mão de obra barata anteriormente lhes permitia maximizar seus retornos e consolidar seus mercados?
A pandemia, em todo caso, terminará mais cedo ou mais tarde e a globalização continuará aí, pronta de uma forma ou de outra para retomar sua dinâmica e aprender com as experiências vividas. Caberá a nós conduzi-lo para um futuro promissor, torná-lo um processo que multiplique o bem-estar e não que amplie o fosso entre pobres e ricos.
Referências:
- "Ensaio" em Wikipedia.
- "Globalização" em Wikipedia.
- "Globalização: ameaça ou oportunidade?" no Fundo Monetário Internacional.
- "A globalização chegou ao fim?" no Andean Development Corporation (CAF).
- "Uma breve história da globalização" em Fórum Econômico Mundial.
- "Globalização" em Stanford Encyclopedia of Philosophy.
O que é um ensaio?
O ensaio é um gênero literário cujo texto se caracteriza por ser escrito em prosa e por abordar um tema específico livremente, fazendo uso do argumentos e as apreciações do autor, bem como os recursos literários e poéticos que permitem embelezar a obra e valorizar os seus traços estéticos. É considerado um gênero nascido no Renascimento europeu, fruto, sobretudo, da pena do escritor francês Michel de Montaigne (1533-1592), e que ao longo dos séculos se tornou o formato mais utilizado para expressar ideias de forma estruturada, didática e formal.
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