20 Exemplos de Episteme
Miscelânea / / February 24, 2022
O conceito de episteme É usado em filosofia e epistemologia para se referir ao conhecimento que geralmente é sistemático, ou seja, que possui um método, conhecimento e objeto de estudo específicos. Por exemplo: O conhecimento produzido pela física.
Esse conhecimento é universalmente válido, é demonstrado empiricamente ou racionalmente e se opõe ao conhecimento baseada em crenças, porque estas não podem ser verificadas ou submetidas a qualquer tipo de experimentação.
No entanto, o termo episteme, originário da Grécia Antiga, foi modificado em diferentes momentos da história, pois era utilizado para designar diferentes conceitos.
Episteme na antiguidade clássica
O conceito de episteme surgiu nesse período com as ideias de Platão e posteriormente foi modificado nas teorias desenvolvidas por Aristóteles.
Episteme de acordo com Platão (427-374 aC). C.)
Segundo o filósofo grego, o termo episteme refere-se ao conhecimento que é verdadeiro, absoluto, universal e imutável e se opõe ao a doxa, ou seja, o conhecimento que é feito de opiniões e crenças e que, portanto, pode ser falso, relativo, particular e mutável.
Para obter o conhecimento verdadeiro, é necessário ser capaz de captar as Idéias do mundo inteligível, que são aquelas entidades imutáveis que determinam a realidade ou o mundo sensível. Mas poucos, os filósofos, conseguem contemplá-los e, assim, conseguem acessar o conhecimento exato e absoluto da realidade.
A ferramenta usada para alcançá-los é a razão (que Platão chama de logotipo). Em vez disso, os sentidos são usados para acessar a doxa, isto é, as idéias do mundo sensível que são uma cópia errônea e cambiante das verdadeiras Idéias.
Alguns exemplos de episteme de acordo com Platão são:
- A filosofia. É o conjunto de conhecimentos que permite o acesso a todas as Idéias universais, verdadeiras e imutáveis.
- As matemáticas. É o conjunto de conhecimentos que permite o acesso às Idéias que não têm correlato no mundo sensível e que expressam as relações entre os números.
- A política. É o conjunto de saberes que permite o acesso ao verdadeiro conhecimento sobre a polis.
Espisteme segundo Aristóteles (384-322 a. C.)
Para Aristóteles, a episteme também é conhecimento universal, verdadeiro e imutável, mas só atende a essa condição o conhecimento que permite determinar as causas primeiras das entidades e de tudo o que acontece no universo.
Causas primeiras podem ser materiais (o material de um objeto), formais (a essência e estrutura de algo), eficientes (aquilo que produz uma mudança) ou finais (o objetivo para o qual algo se dirige) e com eles se explica a razão de tudo. existir.
Como Platão, Aristóteles estabelece que episteme é o oposto de doxa, conhecimento baseado em crenças e opiniões. Mas o logotipo acessar o conhecimento verdadeiro não é o mesmo nas teorias dos dois filósofos, pois, segundo Aristóteles, pode consistir em dois raciocínios:
Alguns exemplos de episteme de acordo com Aristóteles são:
- metafísica. É o conjunto de conhecimentos que permite o acesso a todas as primeiras causas.
- A Fisica. É o conjunto de conhecimentos que permite o acesso às causas raízes do movimento.
- Ética. É o conjunto de saberes que permite o acesso às causas primeiras das ações justas dos homens.
Episteme na Idade Média
Na Idade Média, a episteme estava relacionada principalmente à teologia, ou seja, à disciplina que trata de estudar o conhecimento que está relacionado com as divindades e, neste caso particular, com o Deus Cristão.
Episteme segundo Tomás de Aquino (1224-1274)
Tomás de Aquino retoma as ideias aristotélicas de episteme e também o raciocínio utilizado para encontrá-la. Mas em sua teoria ele estabelece que somente os conceitos que estão na Bíblia podem ser usados para compreender a realidade e que neste livro está o verdadeiro, universal e imutável.
Como Aristóteles, Tomás de Aquino argumenta que conhecer é conhecer as causas primeiras e que com elas se pode determinar a essência de tudo o que existe, do bem e do mal.
Um exemplo de episteme de acordo com Tomás de Aquino é:
- teologia. É a ciência que permite conhecer Deus, ou seja, acessar a entidade que representa a causa eficiente, portanto, a origem de tudo que existe no mundo.
Episteme de acordo com William de Ockham (1285-1347)
Guilherme de Ockham, sem negar a existência de Deus, separa a teologia da ciência e produz uma teoria que difere dos postulados de Platão, Aristóteles e Tomás de Tomás de Aquino, porque sustenta que não existem universais, isto é, ideias ou conceitos imutáveis que explicam ou são a causa da existência de tudo o que está presente no mundo real.
Para ele, só existem particulares, ou seja, elementos que são criados por Deus, que compartilham semelhanças, mas que não possuem características em comum e que, portanto, são os únicos que podem ser conhecidos.
Um exemplo de uma episteme de acordo com William de Ockham é:
- Princípio da navalha de Occam. Isso determina como o conhecimento deve ser produzido e qual é o objeto de estudo, pois pressupõe que se ninguém viu certas entidades, estes não existem, portanto, a existência de entidades não depende da existência de outras entidades que não estão no plano real.
Episteme na Modernidade
Houve diferentes filósofos que se encarregaram de estabelecer o que é episteme nesse período, como Hegel.
Episteme de acordo com Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831)
O filósofo alemão retoma o conceito aristotélico de episteme, pois estabelece que existe apenas uma verdade, que é absoluta, racional e universal. Mas introduz uma modificação, porque sustenta que isso não é imutável, mas que está mudando (sempre se torna outro).
Hegel argumenta que para acessar uma verdade é preciso conhecer o futuro do objeto, ou seja, compreender sua dialética, que se compõe de três etapas:
Alguns exemplos de episteme segundo Hegel:
- futuro da estética.
- Afirmação. A estética parte da pintura, que é material.
- Negação. A estética nega seu lado material com a música, que é espiritual.
- negação de negação. A estética chega a uma resolução da contradição com a poesia, que é material e espiritual, e a ideia universal de beleza é produzida.
- futuro da história, que é entendido como o desenvolvimento do espírito.
- Afirmação. Monarquia oriental, porque é o tipo de governo em que o espírito não tem liberdade.
- Negação. Democracia grega, porque é o tipo de governo em que o espírito tem consciência da liberdade.
- negação de negação. Monarquia constitucional, porque é o tipo de governo em que o espírito tem liberdade.
Episteme no século 20
Nesse período, foram diversos os filósofos e pensadores que estudaram a noção de episteme. No entanto, foi Michel Foucault, um filósofo francês, quem introduziu as mudanças mais radicais nesse conceito.
Episteme segundo Michel Foucault (1926-1984)
Segundo Michel Foucault, a noção de episteme não se refere ao conhecimento, mas aos discursos que possibilitam que certos conhecimentos surjam de cada vez e estabeleçam o que é verdadeiro e o que é não.
Duas idéias decorrem disso; verdade é algo que é imposto por uma relação de poder e que se dá em um contexto específico e o conhecimento não é absoluto ou universal, mas que é contingente, porque as condições históricas (a linguagem, os valores e as hierarquias da ciência) determinam se uma afirmação é válida ou não.
Portanto, uma teoria ou um conceito pode ser verdadeiro em um determinado momento, mas não mais tarde. Por exemplo, a teoria dos quatro humores, segundo a qual o corpo contém quatro substâncias ou humores que determinam a saúde, foi válida desde a Grécia Antiga até o século XIX, quando foi descartada pela Medicina.
Exemplos de episteme segundo Foucault:
- episteme renascentista (séculos XV e XVI). Esse período é caracterizado por uma relação de continuidade e semelhança entre palavras e coisas (Foucault usa o termo "coisas" para se referir ao que existe no mundo real) e por afirmar que tudo é explicável e comparável com entidades semelhante. Por exemplo, pode-se fazer uma analogia entre o funcionamento do corpo humano e o funcionamento das plantas.
- episteme clássica (séculos XVII e XVIII). Esse período é caracterizado por uma ruptura na relação de continuidade entre palavras e coisas, pois se estabelece uma relação de representação entre termos e referentes. Por esta razão, as explicações de similaridade são abandonadas e sistemas convencionais de signos e categorias são inventados para descrever o mundo. Por exemplo, é elaborada a história natural, na qual os seres vivos são classificados e uma hierarquia deles é estabelecida em relação às suas identidades e suas diferenças.
episteme hoje
Atualmente, denomina-se episteme o conhecimento que é produzido por uma ciência, ou seja, que é verificado empiricamente. ou racionalmente e que se opõe à doxa, ou seja, ao conhecimento que não é demonstrável e que se baseia em crenças ou opiniões.
Além disso, o termo também pode ser usado como sinônimo de ciência. Física, matemática e biologia são exemplos de episteme.
Alguns exemplos de episteme hoje:
- O conhecimento produzido pela astronomia. É um conjunto de leis que explica o funcionamento dos corpos e os fenômenos do espaço.
- O conhecimento produzido pela química. É um conjunto de conhecimentos que explica a origem, as características e o comportamento da matéria.
- O conhecimento produzido pela matemática. É um conjunto de conhecimentos que explica racionalmente as propriedades e operações dos números.
- O conhecimento produzido pela biologia. É um conjunto de conhecimentos que explica as características e o comportamento dos seres vivos.
- O conhecimento produzido pela geologia. É um conjunto de conhecimentos que enuncia as características e composição da estrutura da Terra.
- O conhecimento produzido pela paleontologia. É um conjunto de conhecimentos que relata as características e a história dos seres vivos que habitaram a Terra no passado.
- O conhecimento produzido pela geografia. É um conjunto de conhecimentos que é usado para descrever e representar a terra.
- O conhecimento produzido pela medicina. É o conjunto de conhecimentos e técnicas utilizadas para prevenir, tratar e curar doenças.
- O conhecimento produzido pela economia. É o conjunto de conhecimentos que explica a produção e comercialização de bens e serviços.
- O conhecimento produzido pela estatística. É o conjunto de conhecimentos que é utilizado para analisar dados, probabilidades e proporções.
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