Exemplo de jornalismo: a entrevista
Rascunho / / July 04, 2021
A entrevista é dinâmica, quase todo mundo gosta. Procure a coleta de depoimentos orais, por meio do contato interpessoal. Retrata um homem. Comunica ao leitor quem ele é, como é e o que faz.
A entrevista é gratuita quando o "entrevistador" a conduz de forma espontânea; é dirigido quando um número fixo de questões é proposto. O primeiro permite mergulhar na mente do “entrevistado”; o segundo pode fornecer precisão e consideração nos dados fornecidos.
Tanto o "entrevistador" quanto o "entrevistado" devem ser cultos e habilidosos para que possam obedecer com dignidade sua função de comunicar ao leitor, de forma viva e sincera, informações oportunas e transcendente.
Ario Garza Mercado, em Manual de técnicas de investigação, aponta as qualidades que as pessoas que vão ser entrevistadas devem possuir.
O entrevistador":
1. Autoridade para realizar a entrevista ou apoio (de líderes, autoridades, etc.) para realizá-la.
2. Acuidade na observação.
3. Capacidade de ouvir, transcrever, selecionar e condensar as informações obtidas.
4. Adaptabilidade a circunstâncias antecipadas e imprevistas.
5. Dom de pessoas.
6. Cortesia.
7. Toque.
O entrevistado ":
1. Interesse.
2. Desejo de cooperar.
3. Capacidade de observação.
4. Sinceridade.
5. Memória.
6. Imparcialidade.
7. Capacidade de comunicação oral.
8. Tipicidade.
Insiro, a título ilustrativo, a entrevista “Entrevista Crafts” que Federico Campbell teve com Alex Haley, incluída no livro Conversas com escritores.
Alex Haley é um jornalista especializado em entrevistas com personagens internacionais, eles já apareceram em "Harper's", "Atlantic", "Cosmopolitan" e "Playboy".
- "Qual é a sua ideia da entrevista?
—Para mim é uma situação em que o jornalista se apresenta como procurador do público e tenta interpretar o assunto e o entrevistado para os leitores. Sua atitude deve ser honesta e, até certo ponto, inocente.
"Você sempre usa um gravador?"
-Não. Prefiro começar fazendo anotações, porque as pessoas tendem a ter vergonha do gravador. Dessa forma, começo a perceber como o entrevistado reage. Malcolm X foi um desses casos. Eu o entrevistei por um ano, quando escrevemos sua autobiografia juntos, e a única coisa que ele me permitiu fazer foi trazer minha máquina de escrever para ouvir seu ditado. Com um gravador as coisas teriam sido mais rápidas e teriam aproveitado as voltas coloquiais.
- Quanto tempo você passa conversando com o entrevistado?
— Depende do indivíduo e de sua capacidade de extrovertir. Em primeiro lugar, é estabelecida uma espécie de empatia que deve ser controlada à medida que se fala com o sujeito. Estive com Cassius Clay por quatro dias; com outros, demorei até duas semanas.
- Você prepara suas perguntas com antecedência e, em caso afirmativo, você as mostra de antemão ao entrevistado?
-Não. Nunca mostro as perguntas a ele. Na realidade o que acontece é que não preparo uma lista de perguntas, mas sim de tópicos; a partir daí, e da conversa, as perguntas surgem espontaneamente. É claro que devo controlar essas questões para manter o assunto em uma determinada área. Quer dizer, não estou tão preocupado com certas questões específicas quanto com o assunto que está sendo abordado. Se o entrevistado sair do assunto de repente, eu não o interrompo, mas escrevo tudo o que ele diz, e depois cortei os parágrafos com uma tesoura para colocá-los juntos na fase correspondente do entrevista.
—Em outras palavras, você começa falando sobre qualquer coisa simplesmente para quebrar o gelo e motivar a conversa para o assunto que lhe interessa ...
-Exatamente. Aliás, tenho a impressão de que passo a maior parte do tempo condicionando o assunto. Eu poderia mencionar, entre muitos outros casos, o incidente que tive com Miles Davis. Miles Davis tem fama de não falar com a imprensa, mas tive que fazer com que ele falasse a qualquer custo, pois havia me encomendado uma entrevista. A princípio ele recusou. Quando descobri que ele é um atleta ávido e que frequentava uma academia no Harlem todos os dias (Ele parece ser um boxeador muito bom) Fui a uma loja e comprei o equipamento necessário para entrar no Ginásio. Eu me inscrevi e paguei minhas taxas; assim, Miles não poderia sair de lá. Quando Miles entrou, eu estava jogando uma luva e fazendo sombra. Parece que gostou muito disso e começou a me ensinar a acertar o saco. Ele me convidou para o ringue e demos um ao outro três rodadas agitadas. Depois disso fomos para o banho e, como costuma acontecer quando se está no banho, as formalidades foram desnecessárias. Assim iniciamos nossa amizade e assim iniciamos a entrevista.
- Você escreve e publica tudo o que o entrevistado diz? Você mostra a entrevista antes de enviá-la para a impressora?
-Não. Não escrevo tudo o que ele fala, porque na realidade se escreve melhor o que uma pessoa fala. Guardando alguns giros coloquiais que de certa forma retratam o assunto, encomendo o material e procuro passar a ideia que o entrevistado quer comunicar. Às vezes incluo as frases literalmente, quando é necessário destacar algum fato ou uma afirmação muito pessoal. Em relação à segunda parte da sua pergunta: sim, o entrevistado sempre vê as provas antes da publicação da entrevista.
—O que você pensa quando o entrevistado está falando ???
-Isto é muito importante. Quando você é um bom entrevistador (como gostaria de pensar que sou agora), percebe que os gestos das pessoas às vezes são muito mais eloqüentes do que as palavras. Observo as mãos, tremendo, paradas ou suadas, e tento adivinhar o que a pessoa está sentindo, se ela está nervosa, tensa e se tem consciência disso ou não. O que você pode fazer ao tentar entrevistar um homem casado não é ver sua esposa, mas ir até sua secretária; ela sabe muito mais sobre ele. A melhor maneira de abordar um indivíduo é surpreendê-lo em uma determinada situação, como em uma festa, e ver como ele reage às perguntas; Você também tem que ver a cara que seu parceiro faz, pois o que ele pensa se reflete no rosto dela, ou vice-versa.
"Você está tentando despertar um sentimento de amizade na pessoa que você entrevista?"
"Sim, claro, em todos os sentidos, e funciona muito bem para mim." Não me lembro de ninguém que entrevistei que não seja meu amigo agora, com a exceção natural do nazista Rockwell e com exceção do Dr. Martin Luther King, que era uma pessoa muito ocupada. O livro de Malcolm X rendeu uma entrevista na Playboy e acabamos sendo bons amigos.
"Você tenta de alguma forma fazer comentários, deslizar suas próprias opiniões entre a pergunta e a resposta?"
-Nunca. Acho que faz parte da honestidade do entrevistador. Ou seja, fica-se de fora, como bom ouvinte. Um é como o cirurgião e o entrevistado se posiciona como paciente na mesa de operação. O trabalho é conseguir um bom negócio para ele. "{Cf. Bibliografia complementar, nº 12)