Conceito em Definição ABC
Miscelânea / / July 04, 2021
Por Guillem Alsina González, em janeiro 2018
Embora seja um fenômeno que, de uma forma ou de outra, sempre existiu, o advento da Internet e as redes sociais deram-lhe uma difusão e possibilidades que vão muito além do que a mentira total permitia anos atrás.
Conhecemos popularmente com o termo notícias ou informações pós-verdade, com uma aparente pátina de legitimidade, mas com base em em premissas falsas e com uma conclusão falsa, usado com um espírito de intoxicação de algum tipo, geralmente político e social.
A execução dessa tática de intoxicação é baseada em uma história de manchete espetacular e conteúdo que pode incluir citações supostamente válidas e que é divulgado nas redes social.
Por que as redes sociais são a estrutura ideal para expandir a pós-verdade? Simples: facilidade do meio e confiança em quem a informação é citada.
Aproveitamos as redes sociais para nos informar e confiamos nos nossos contactos - que, enfim e Finalmente, eles também são nossos amigos-, sendo mais inclinados a acreditar e compartilhar os conteúdos do que estes publicar.
Para estes fatores devemos adicionar uma desconfiança geral da mídia comunicação tradicionais, como jornais ou redes de televisão, que muitos julgam como "vendidas" aos interesses obscuros de políticos, grupos de influência e grandes corporações.
É por isso que toda uma série de publicações auto-autorizadas proliferaram como "independentes" (uma palavra que representa um valor ascendente para muitos), que não necessariamente oferecem informações objetivas, mas são direcionadas a um público específico, oferecendo-lhes o que desejam ouvir.
O paradigma uma dessas práticas é o atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que não hesitante em citar notícias ou dados que são desconhecidos e não suportados por evidências para apoiar seus argumentos.
Um bom exemplo disso foi quando Trump perguntou ao público sobre um de seus atos, em meados de Fevereiro, aquele que teria pensado que na Suécia houve um ataque como o da noite anterior. Nada aconteceu na Suécia, não houve ataque jihadista, até abril, quase dois meses após o discurso de Trump.
Por que o presidente dos Estados Unidos citou um ataque que não havia ocorrido? Provavelmente, para animar seu público sobre um ataque a um nação Pacífico. Quem sabe se, precisamente, o autor do ataque subsequente que ocorreu, depois de dois meses, foi inspirado justamente nas palavras de Trump ...
A pós-verdade tem sido freqüentemente usada para alimentar o ódio contra grupos minoritários, como os refugiados.
Determinada imprensa online ligada à extrema direita (geralmente meios de aparição recente, sem grande trajetória e menos credibilidade), publicam regularmente notícias sobre, por exemplo, violações perpetradas por imigrantes de países africanos ou árabes, a mulheres em países distantes, citando alegados jornais locais do país onde a notícia aconteceu.
É difícil verificar as informações se você não conhece nenhum meio da imprensa local no país onde supostamente a notícia foi gerada, ou apresentada como censurada na grande mídia alcance.
Por exemplo, e voltando a Donald Trump, o suposto apoio do Papa Francisco (notícias falsas apareceram em vários meios de comunicação online pequeno ao lado do então candidato presidencial) foi capaz de conquistá-lo conservador. E nunca foi negado, embora fosse falso.
A recusa de uma notícia falsa pode ocorrer, mas geralmente tem muito menos impacto do que a notícia original.
E isso não é acidental, porque interessa a quem jogou a brincadeira ao vento. Para fazer com que o pedido de desculpas ou negação passem despercebidos, é publicado em local mais irrelevante e com manchete menos espetacular.
Isso se vier, porque em muitos casos a falsidade é mantida e não é retificada.
Embora este fenômeno possa nos parecer de aparecimento recente e vinculado exclusivamente às redes sociais, na realidade ele existe desde o início dos tempos.
O que mais é o livro "Os protocolos dos Anciões de Sião"? Um diário de atas de uma suposta organização (os sábios do título) formada por judeus e que queria controlar o mundo. Os protocolos foram provados falsos já em 1921, mas ainda eram usados pelos nazistas, que os consideravam válidos para seus interesses. Um caso flagrante que, se ocorresse hoje, chamaríamos de pós-verdade.
Mesmo se voltarmos no tempo para a idade de ouro de Império Romano, podemos ver escritores pagos de personalidades e césares, dispostos a escrever empréstimos a quem paga o seu salário e em detrimento dos adversários políticos, manipulando a realidade e distorcendo-a para criar outra alternativa.
Aliás, a consultoria AUSRA determinou que este é o melhor artigo pós-verdade publicado na Internet. Você não acredita? Bem, eu também sou o autor, porque acabei de inventar o nome do consultor, mas se eu não tivesse te contado... Um exemplo perfeito de pós-verdade!
Fotos: Fotolia - Bobboz / Dalebor
Problemas pós-verdade