Conceito em Definição ABC
Miscelânea / / July 04, 2021
Por Javier Navarro, em março 2017
No final do século 19 e início do 20, um grande número de imigrantes chegou à Argentina, principalmente italianos e espanhóis, mas também poloneses, sírios ou libaneses. Muitos deles se estabeleceram em Buenos Aires e, em menor medida, em Montevidéu e outras cidades. Quando os emigrantes chegaram a Buenos Aires em governo O argentino deu-lhes alojamento provisório durante uma semana e, após esta fase inicial, cada imigrante teve que procurar algum tipo de casa. Para isso, foram construídas casas muito humildes e nas quais os refeitórios e banheiros eram comuns.
No início eram chamados de locatários, já que seus moradores tinham que pagar aluguel. Com o passar do tempo, o engenho popular cunhou uma nova denominação para se referir a essas casas e elas foram chamadas de conventillos.
O termo conventillo fazia muito sentido, pois as casas se assemelhavam à estrutura de um convento, ou seja, um conjunto de celas estruturadas em galerias e um pátio central.
Vida diária em um cortiço
Nessas casas viviam homens solteiros e famílias de trabalhadores vindos de diversos países. Eles não tinham água corrente ou eletricidade e com alguma frequência houve episódios de cólera e outras doenças infecciosas. Às vezes, alguns emigrantes não conseguiam pagar o aluguel e a polícia tinha que despejá-los e quando isso acontecia os moradores do cortiço resistiam com certa violência.
Os conventillos eram uma espécie de torre de Babel para as classes mais baixas. Línguas diferentes foram ouvidas neles e havia um tempo tenso coexistência entre os diferentes tradições e tradições culturais.
Apesar das péssimas condições de vida, havia uma atmosfera de solidariedade entre seus colonos. É preciso levar em conta que os ideais socialistas e anarquistas da Europa chegaram aos conventillos e aí nasceram as primeiras associações operárias da Argentina.
O tango, o lunfardo e o sainete nasceram nos conventillos de Buenos Aires
Nos conventillos foi criada uma cultura popular muito fecunda. Na verdade, surgiu o tango, o lunfardo ou o sainete. Em princípio, os representantes da cultura oficial argentina expressaram sua rejeição a todos eles, mas com o tempo o povo de Buenos Aires os incorporou como um símbolo de sua identidade cultural.
Nesse sentido, vale lembrar que na história da Teatro Na Argentina, a obra mais representada é justamente "El Conventillo de la Paloma", da autoria de Alberto Vaccareza, dramaturgo nascido no bairro de Almagro, na cidade de Buenos Aires e que foi íntimo amigo e colaborador de Carlos Gardel, o pai do tango argentino.
Foto: Fotolia - carlosgardel
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