Conceito em Definição ABC
Miscelânea / / November 13, 2021
Por Javier Navarro, em jun. 2016
Um discurso é um tipo de discurso tipicamente longo, enfadonho e inoportuno. Conseqüentemente, essa palavra é usada em um tom claramente pejorativo. Desta forma, se alguém se refere às palavras de outro e afirma "que discurso ele me disse!" está indicando que é um intervenção muito tedioso e desinteressante.
Ao qualificar um discurso como um discurso, você está afirmando de alguma forma que o falante não usou o linguagem, visto que previsivelmente sua aspiração era interessar o interlocutor, mas na realidade ela alcançou o efeito contrário.
Na linguagem coloquial um discurso seria um rolo, um sermão, um chocalho, uma chicotada ou uma piada. Vale lembrar que ouvir alguém pode ser agradável e instrutivo ou, ao contrário, algo pesado e soporífero.
A origem do termo
Perorata vem da palavra latina perorare, que significa expor ou explicar. Na tradição clássica, a peroratio era a parte final de um discurso, geralmente uma intervenção política ou jurídica. Ficou entendido que a peroratio deveria ser a parte mais brilhante do discurso, pois nela o locutor deveria demonstrar brilhantismo para convencer seus interlocutores. Dessa forma, o uso do spiel como termo pejorativo nada mais é do que uma forma irônica de se referir a discursos chatos e pouco estimulantes.
A peroratio no mundo clássico
A civilização romana adotou um interesse pela linguagem da cultura grega clássica. Os romanos entenderam que era necessário conhecer os mecanismos de comunicação, pois desta forma foi possível obter sucesso na atividade política ou literário. O disciplina que estudou as técnicas de expressão era retórica e dentro da retórica os discursos eram especialmente analisados, pois através deles era possível ser persuasivo e alcançar o sucesso.
Nessa linha, de acordo com as abordagens da retórica, um discurso é dividido em quatro partes: o exórdio ou apresentação do assunto, a narratio ou exposição do tópico, a argumentatio ou conjunto de argumentos que sustentam o discurso e, por fim, a peroratio, que passa a ser a conclusão E é o momento do discurso em que o orador tem que ser o mais brilhante e eloqüente possível.
Com a peroratio o orador tem a aspiração de convencer alguém, seja um juiz ou uma audiência
A peroratio tinha que ser racionalmente eficaz e, paralelamente, com um componente emocional, pois assim era mais fácil provocar a aceitação do ouvinte.
Não seria correto entender a peroratio como uma coisa do passado, já que hoje continuamos a usar a retórica para os mesmos fins de dois mil anos atrás.
Fotos: iStock - baona / AzmanL
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